sábado, 12 de dezembro de 2009

O inevitável aconteceu

Ao fim de quase três anos, cruzei-me com eles.
Até à passada segunda feira nunca tinha tido a infelicidade de me cruzar com o ex juntamente com a sua actual companheira. Mas o mundo é demasiado pequeno e quando se vive em cidades tão próximas corremos o risco de ter encontros de 3º grau como o que eu tive.
Ora bem, decidi ir fazer compras de Natal no Fórum Algarve, em Faro, e fui eu a Nicole a minha irmã e o meu cunhado. Eles entraram e eu fiquei para trás, para ir ao multibanco. Quando me junto a eles diz-me a Nicole que estava sentada dentro do carrinho das compras, "está ali o pai!!", eu fiquei qualquer coisa perto da letargia. Olhei para a minha irmã que me confirmou com a cabeça. A minha reacção foi: "Está sozinho?", ao que ouvi uma resposta negativa. Ok...vamos a controlo de danos. "Paulo leva a Nicole ao pé do pai, ele vai saber que estou aqui e vai embora". A Nicole não quis ir, desatou numa birra que não queria ir ver o pai, o que também me deixou muito surpresa. Bem, neste vai e não vai, dou de caras com ele, que ao que parece viu entrar a minha irmã e também andava a tentar fugir do encontro. Eu dou meia volta e fujo literalmente dali para que ele fale à menina e eis que surge uma nova surpresa, ele não fala à filha.
Pois é, como é possivel??? Ele ignorou a Nicole, fingiu que não viu a filha...e mais não consigo descrever.
Com este episódio lamentável surgiu-me uma duvida, serei assim tão má se não permitir que a Nicole vá passar o Natal com ele? Terei eu de sofrer com a falta da minha filha, neste dia que eu considero importante, quando ele até a ignora o resto do ano inteiro? Perguntei a Nicole, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão, tão depressa dizia que queria passar comigo, como com o pai.
Não sei que fazer, só sei que estou triste. Mais uma vez conseguiu-me magoar, quando eu já pensava que isso seria impossivel.

domingo, 22 de novembro de 2009

Uma reflexão

Ultimamente, não sei se derivado ao cansaço, tenho andado mais deprimida. E naturalmente quando sinto "aquele" aperto no peito entro quase em pânico, não vá a depressão voltar. Por outro lado percebo também que poderá ser o facto de o natal estar a chegar. Eu adoro o natal, sempre gostei. A família reunida, o convívio a festa, as ruas iluminadas, tudo. Obviamente que com o nascimento da Nicole esse sentimento aumentou mas foi ligeiramente abalado com o divorcio. A ruptura da família que eu tinha criado para mim, o ter de abdicar da presença da minha filha nos dias que são importantes para mim em prol do equilíbrio dela. No ano passado não abri mão dela, aliás desde que me separei nunca abri mão dela. Este ano tenho vindo a mentalizar-me que a devo deixar ir, mas tenho muito medo do que isso me possa fazer. Tenho consciência que estou mais forte mas também sei o quanto fico perdida nos dias em que não a tenho comigo.
A minha relação com ele sofreu algumas alterações mas de momento está novamente "azeda". Houve uma altura que ele chegou a entrar lá em casa e até conseguíamos dialogar ao telefone mas foi tudo por agua abaixo quando ele foi chamado a tribunal. Penso que ele nunca se mentalizou que eu realmente tinha apresentado o incumprimento dele em tribunal.
O que é certo é que a pseudo doença dele passou rapidamente.
Sei que não há propriamente uma regra de quanto tempo se deve esperar até se recuperar de uma relação mas não consigo deixar de contar os meses. Já lá vão 2 anos e 8 meses. Não deveria eu já ter vontade de estar com alguém? Não deveria eu já estar emocionalmente disponível? Mas o que eu realmente sinto é que estou cada vez mais indisponível cada vez mais distante dessa dinâmica de relacionamento. A sociedade impõe o casamento, a sociedade olha de lado para quem vive sozinha, então quando há crianças ... Sinto isso bem de perto, parece que é do género: "coitada, tão novinha e com uma filha" , e o tempo a passar e mais um rotulo de quem ou não recuperou do desgosto, ou então é mesmo porque eu não presto. No entanto no que se refere ao homem já não funciona do mesmo modo. Mas afinal de contas em que sociedade medieval é que vivemos?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Voltei!!!

Já há imenso tempo que não actualizo o blog mas por uma boa razão.

A minha vida deu mais uma volta de 180 graus. Mudei de emprego e, graças a isso voltei a ter uma enorme vontade de viver. Parece um tanto ao quanto exagerado mas na realidade assim não é. Deixei de passar os dias sozinha num escritório para estar rodeada de gente o dia todo. Graças ao meu empenho e muita força de vontade fui promovida e hoje sou responsável por uma equipa de trabalho o que me dá muito que fazer, mas também um enorme prazer.

Sei que estou a pisar em terreno perigoso, pois enfiei a cabeça na areia, ao viver para este trabalho, mas por enquanto faz-me sentir bem e é isso que interessa.

Quanto ao ex, descobri muitas coisas interessantes. Retomei contacto com a família dele, nomeadamente com a irmã, mãe, cunhado e sobrinha. Inclusive voltei a entrar em casa da irmã dele por necessidade de ir deixar/buscar a Nicole. Hoje em dia houve uma inversão de papeis, ou seja deixou de ser ele a contactar a minha família para resolver assuntos da Nicole, e passou a ser a minha ex cunhada a me ligar. Isto porque eu proibi literalmente a minha irmã de servir de intermediaria, esse tempo faz parte do passado. Como ele continua a se recusar a falar comigo, agora é a irmã que liga para mim.

Através da minha ex cunhada, fiquei a saber que é ela quem paga a pensão de alimentos da Nicole. O processo em tribunal continua, não há novidades. Ou seja continua por resolver.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Mais uma surpresa

Como contei num post anterior, o meu esta com gagueira, possivelmente resultado de algo mais grave mas que ele não quer contar. Ontem foi ao desfile de Carnaval da filha, foi uma enorme surpresa encontra-lo lá visto que desde a festa de natal de 2006 que ele nunca mais compareceu em nenhuma festa da escola da Nicole. Como eu lá estava e ele é que chegou e não falou eu também fiquei na minha. Apareceu ele e a mãe. No final do desfile a Nicole entrou na escola e eu fiquei um pouco na conversa fora e reparei que ele continuava lá, à espera de não sei bem o que. Fui embora, e estava eu no carro para arrancar toca o telefone, número anónimo. era ele. Pediu para ir buscar a Nicole ontem pois ia para o Alentejo. Eu disse que sim para a ir buscar a minha casa as 18h. Foi então que tive mais uma surpresa: "diz sempre a Nicole que o pai gosta muito dela". Perguntei mais uma vez o que se estava a passar, que eu tinha o direito de saber, perguntei se ele estava em condições de cuidar da Nicole o que ele respondeu que tinha a mãe e a irmã para o ajudar e não me quis dizer o que se estava a passar. O meu coração ficou muito mas mesmo muito apertado e depois de ir embora não consegui evitar as lágrimas. Amanha vou voltar a falar com ele e no mínimo tentar saber se é uma coisa assim tão grave para a qual me deva preparar e inevitavelmente preparar a minha filha.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Aguenta Coração

Não consigo parar de pensar nele. Se estará bem, no que se terá passado e inevitavelmente nas consequências futuras. Se ontem sentia uma certa satisfação de o saber assim, o que é certo é que com o passar do tempo fui ficando cada vez mais angustiada. Sinto-me mesmo muito confusa. Tenho vontade de o procurar, de tentar saber se está bem, se precisa de alguma coisa mas, não posso fazer isso. Não devo fazer isso, ele não merece.
Ontem à noite revi, mais uma vez, o filme dos últimos meses que passei com ele. Relembrei o que senti, o ele estar comigo com a cabeça noutro lugar, estava junto de mim mas muito ausente, o beijo já não era igual, o olhar era tão vazio. Deixou de me amar, acontece, não o critico por isso. Ninguém manda no coração. Mas tudo o que se passou depois, ou melhor o que se passou durante. Lembro-me que na semana que sai do hospital, ele saia todos os dias as 6h da manhã, fardado para ir trabalhar e aparecia em casa por volta das 22h. Mais tarde vim a descobrir que ele já não trabalhava nessa altura. Que nome se dá este tipo de comportamento? Eu estava doente, com uma medicação muito forte, que me levava a passar os dias inteiros a dormir, e tinha a minha filha com pouco mais de um ano para tratar. Mas ele, mesmo assim, deixava-me sozinha e ia não sei para onde...isto é o quê? Egoísmo? Irresponsabilidade? Falta de carácter? Sei que cometi erros, também tenho as minha culpas, nenhuma relação acaba por culpa de uma única pessoa. Se ele se apaixonou é porque eu não o preenchia eu não fui a pessoa que ele estava à espera. Mas terei eu cometido erros tão graves que justifiquem tudo o que eu senti com as atitudes dele?
Eu gostava de um dia falar com ele sobre tudo isto. Procurar algumas respostas para poder arrumar de vez este assunto na minha cabeça. Tenho um sentimento enorme de culpa, com fundamento? Sem fundamento? Não sei. Reconheço alguns erros, aceito essas responsabilidades. Mas eu queria saber, ouvir da boca dele o que o levou a tratar-me assim.
Agora, ao vê-lo assim, apesar de tanta raiva, do ressentimento que sinto por ele, não consigo deixar de pensar que o devia procurar, ajudar, e mais duvidas nascem, pois quando foi comigo, quando fui eu que precisei, ele virou as costa e não hesitou em me abandonar. Mas eu não tenho essa leviandade. Não sei o que vou fazer, ainda não decidi, também não sei se ele aceita a minha ajuda, se ele interpretará a minha preocupação de outra forma.
Estes acontecimentos foram mais uma lição que a vida me deu. Só se colhe aquilo que se semeia, nunca faças o mal à espera que te venha o bem.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

As voltas que a vida dá..

Bem hoje venho actualizar este blogue na semana passada recebi uma notificação do tribunal de família, para eu no prazo de 5 dias fazer chegar o valor em divida, o meu NIB, e caso eu soubesse a entidade patronal do meu ex. Antes de fazer a carta liguei para o tribunal afim de esclarecer umas coisas e fiquei a saber que o ultimo emprego do meu ex declarado na segurança social foi o ultimo que teve ainda casado comigo. Ou seja, ele se trabalha, não declara...pelos vistos a minha luta será inglória pois sem rendimentos declarados o tribunal não o poderá obrigar a pagar o que deve a tempo e horas pois não?
Passando à frente, neste domingo passei por uma situação que me deixou completamente chocada, o pai da minha filha esta com gagueira...não me perguntem o que aconteceu que eu não sei, ele não me disse. Apenas sei que está num estado lastimável. O meu pai me tinha dito que ele estava doente mas eu não imaginei que estivesse assim tão mal ate ver com os meus próprios olhos.
Recebi a Nicole e perguntei se vinha buscá-la no próximo fim de semana, foi então que me dei conta que ele estava a falar com a voz completamente presa, gaguejava imenso, paralisava...fiquei em estado choque. A minha reacção imediata foi perguntar o que se tinha passado, ao que ele respondeu que esteve internado durante a semana passada e tinha vindo passar o fim de semana a casa e seria novamente internado na segunda feira(ontem). Quando lhe perguntei o que tinha, disse simplesmente que são coisas que acontecem, e foi embora.
Não sei descrever o que senti. No momento exacto em que me apercebi do estado a que ele chegou, senti preocupação, pena talvez, mas passado o choque inicial, senti uma coisa horrível...senti que afinal é nesta vida que tudo se paga. Provavelmente ao lerem isto ficarão chocados com as minhas palavras mas é o que eu sinto, não me orgulho disso, mas é a verdade. Não lhe desejo mal, é o pai da minha filha, mas depois de tudo o que eu passei, tudo o que eu sofri, é o que eu consigo sentir.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Quem me leva os meus fantasmas..

A cada dia que passa eu me fecho mais. Criei umas enormes muralhas ao meu redor e instalei-me confortavelmente. Confesso que este sentimento de conforto na minha solidão me assusta, mas é mais forte que eu. Não posso dizer que sou feliz, mas também não me posso queixar muito tendo em conta todos os dias negros que vivi. As nuvens no horizonte vão deixando passar alguns raios de sol que vão alegrando esporadicamente os meus dias. E são esses raros momentos de luz que vão dando vontade de me acomodar.
Sinto-me segura agora. Tenho a minha estabilidade emocional recuperada e não tenho a mínima vontade de correr o risco de voltar a sofrer. Penso que seja legitimo da minha parte ter todos estes receios mas, então, que vou fazer? Acomodar-me a uma vida inteira neste estatuto? Viver exclusivamente para a Nicole, para o trabalho? Não é aliciante de modo nenhum. Mas tenho imensas duvidas e receios. Tenho um fantasma enorme no meu sótão e ainda não descobri como o exorcizar. Só espero não criar laços de amizade com o dito cujo.