quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Quem me leva os meus fantasmas..

A cada dia que passa eu me fecho mais. Criei umas enormes muralhas ao meu redor e instalei-me confortavelmente. Confesso que este sentimento de conforto na minha solidão me assusta, mas é mais forte que eu. Não posso dizer que sou feliz, mas também não me posso queixar muito tendo em conta todos os dias negros que vivi. As nuvens no horizonte vão deixando passar alguns raios de sol que vão alegrando esporadicamente os meus dias. E são esses raros momentos de luz que vão dando vontade de me acomodar.
Sinto-me segura agora. Tenho a minha estabilidade emocional recuperada e não tenho a mínima vontade de correr o risco de voltar a sofrer. Penso que seja legitimo da minha parte ter todos estes receios mas, então, que vou fazer? Acomodar-me a uma vida inteira neste estatuto? Viver exclusivamente para a Nicole, para o trabalho? Não é aliciante de modo nenhum. Mas tenho imensas duvidas e receios. Tenho um fantasma enorme no meu sótão e ainda não descobri como o exorcizar. Só espero não criar laços de amizade com o dito cujo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Baby Steps

Muita coisa aconteceu nestes quase 2 anos, muita coisa mesmo...
Como já disse a minha "obsessão" passou. Como tudo passa nesta vida. Aquele sentimento forte, obsessivo, quase doentio que me fazia sofrer tanto, passou. Como? A resposta é fácil, mas o seu processo foi bastante penoso. As atitudes desprezáveis dele como pai perante a minha filha, deram asas a que os meus sentimentos por ele se transformasse em algo muito próximo do desprezo.
A julgar pelas inúmeras vezes que eu já revi o "filme" na minha cabeça, devo dizer que a "machadada" final foi proferida, também ela, e ironicamente no dia 18/03/08. Ou seja 365 dias após a minha saída de casa. No dia do terceiro aniversário da Nicole, o primeiro após o divorcio, o pai não esteve com a filha, não a procurou nem tão pouco um maldito telefonema deu à filha. Por muito doente que eu estivesse, por muito cega de amor por ele que eu estava, o certo é, que esta atitude mexeu comigo. Fez-me "acordar". Juntando a este episódio, mais uns quantos, alguns já antigos, mas aos quais eu estupidamente não dava valor, fui progressivamente perdendo o encanto por uma pessoa que no fim de tudo me fez tanto mal e tão levianamente.
As coisas mudaram de tal forma que eu já nem consigo dizer nossa filha. A Nicole é minha filha, no máximo com alguém que não aquele, como devo dizer? "homem"?
Em conversa com algumas amigas, também elas divorciadas, notasse uma frase demasiado comum no final de um relacionamento que é: eu não conheço este homem. E não quero de maneira nenhuma ser fimininista , o que vale para a mulher também vale para o homem. Eu apenas falo da minha experiência. Mas voltando atrás, isto é real, isto acontece, mas como? Ou eles(elas) são uns excelentes actores, ou as mulheres são mesmo muito burras. Eu quero acreditar que há aqui um meio termo. Mas se analisarmos algumas situações pós divorcio, chegamos à conclusão de que se cometem as maiores barbaridades. Quer seja para magoar deliberadamente o ex, ou para se "livrar" de alguém que não se quer. Quando nestas situações há crianças, elas infelizmente apanham por tabela. Tomando como exemplo esta atitude do meu "falecido" em não ter partilhado com a filha o aniversario dela temos uma prova disso. É claro que a esta acrescento mais umas quantas mas fica para a próxima...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A pedra no meu sapato...

Já passaram 22 meses desde a minha separação. Supostamente eu deveria ter ultrapassado todos os sentimentos negativos, toda a magoa, toda a culpa e tudo o que advém de um casamento fracassado...eu pensava que sim, que tinha ultrapassado, mas afinal não ultrapassei...e porquê? Não sei...sinceramente não sei, sinto que o divorcio em si, ficou para trás. Tenho dias em que sinto nostalgia dos tempos em família, dos programas a 3 que tanto pensei fazer mas que no fim nunca os cheguei a ter mas, sinto que essa parte aos poucos e poucos vai ficando para trás. O que efectivamente não consigo ultrapassar é de facto a Nicole e a dita cuja.
Não consigo, é a minha pedra no sapato. É rancor, é magoa, é ciume até, mas não consigo controlar estes sentimentos. O problema é que sofro mesmo. As vezes chego a pensar que se um dia ele a deixar, os meus sentimentos em relação à convivência da Nicole com outra mulher seria diferente. Mas com esta não consigo...não consigo mesmo, esta foi a que ajudou ao fim...foi por ela que ele me abandonou. É claro que depois toda uma seria de episódios posteriores que não abonam nada a favor da senhora mas enfim...
Não gosto de ter estes sentimentos, não me agrada ser tão rancorosa mas não consigo mudar.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Balanço...


Quando me separei, graças a Deus tive muitos amigos por perto. E alguns deles também divorciados, como tal, com a experiência de já terem passado por aquilo que eu estava na altura a passar, me aconselharam a ter calma, que um dia aquela dor, iria passar. Pouco mais tarde, quando eu falava no ódio, raiva e revolta que estava a sentir, voltaram a dizer, calma isso vai passar, vai chegar o dia em que não sentirás nada, ele vai ser-te indiferente, e irá apenas ser o pai da tua filha.
Pois bem, acho que finalmente estou a entrar nesse capitulo. Não poderei dizer que me é totalmente indiferente, porque não consigo deixar de sentir revolta, mas, neste momento a revolta centrasse no comportamento que ele tem como pai.
Uma coisa incrível que me tem acontecido e que eu pensei jamais sentir, é que eu chego a arrepiar-me quando penso que ele me esta a tocar, ou quando oiço a voz dele. Passada a fase da dor, consigo pensar com discernimento e cheguei a conclusão que a atitude que ele teve comigo foi no mínimo leviana. E não posso jamais nutrir sentimentos positivos por uma pessoa que me tratou de uma forma tão pouco digna.
Comecei então a recordar episódios passados, não só da altura da separação, mas por exemplo, poucos dias depois de eu ter tido a minha filha, lembro-me que ele me disse que chegou a pensar deixar-me sozinha na sala de partos porque eu lhe atirei com uma compressa. Na altura senti-me profundamente triste por o ter magoado. É claro que hoje acho ridículo, como é que ele pode pensar em me abandonar, quando eu estava a sofrer tamanha dor física, só pelo o facto de eu num acto de desespero ter atirado com uma compressa. Juntando a este mais uns quantos episódios idênticos que demonstram o tamanho egoísmo que ele tem, foi me ajudando a eliminar por completo qualquer sentimento romântico que eu poderia acalentar.
Nunca me vou arrepender daquilo que vivi com ele, tive momentos bons, embora os momentos maus superem sem margem de dúvida tudo aquilo que tive de bom. Mas depois tenho a minha filha... Há mais ou menos uma semana, uma amiga perguntou-me, se caso pudesse, eu voltaria a fazer tudo outra vez. Fiquei surpreendida com a resposta automática que tive. Foi um Sim! Convicto e sem hesitações. É claro que ela quis saber o porquê do meu Sim determinado. A resposta era clara como água para mim...qualquer felicidade em que a minha filha não esteja incluída não será por certo uma hipótese a considerar por mim. Ele não é um exemplo de pai, nem tão pouco aquele pai que eu sonhei e desejei para os meus filhos mas, infelizmente é o pai que ela tem. Não lhe desejo mal, mas também não lhe desejo bem. Espero apenas que ele esteja por perto porque sei o quanto a Nicole o ama, e não quero que a minha filha sofra. Se um dia ela se afastar, quero que seja por iniciativa dela, jamais quero que ela um dia me diga que não tem contacto com o pai por culpa minha. Só eu sei o que me custa saber que ela vai para junto da mulher que ajudou a cimentar o fim do meu casamento e consequentemente destruiu os meus sonhos. Não conheço a senhora, não sei se é boa ou má, gorda ou magra, simplesmente não sei...mas sei que vou ter que permitir que a Nicole conviva com ela e isso...bem é qualquer coisa como ..GRRRRRRRRRRR...mas enfim, uma etapa de cada vez...pode ser que daqui a algum tempo eu também possa dizer que ela já não me aquece nem me arrefece. Afinal de contas sei bem a peça que ela tem lá em casa!!!